Refletindo -opressores

Oi gente,

Quero tentar falar um pouco sobre opressão e movimento de minorias.

Vou começar contando uma história. Quando eu era mais nova, via muito as pessoas usarem a sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) quando se falava em festas, públicos e lugares. Com o tempo, pelo menos na minha percepção, essa sigla começou a ser substituída pela LGBT. Na época lembro que achei estranho, então aqueles que eram simpatizantes, que eram heterossexuais e cisgêneros não tinham mais espaço?

Hoje em dia entendo isso de forma bem diferente. O movimento é LGBT porque são essas pessoas que sofrem o preconceito, que têm menos direitos e que lutam pela própria igualdade. Claro que você, que não representa esse público, é também bem vindo, você, que se via lá no S de simpatizante pode, e deve ajudar, mas o protagonismo não é e não pode ser seu.

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Precisamos marcar de quem é a luta, quem é o oprimido que deve protagonizar o movimento. Eu usei o LGBT como exemplo, mas isso vale para todos os movimentos. Sexta foi dia da consciência negra. Por que consciência negra e não consciência humana? Porque nosso país é extremamente racista, porque precisamos desse dia e porque são os negros que precisam protagonizar seu movimento. Um dia da consciência humana, só manteria o branco como protagonista, como principal e é isso que temos que reverter. Ainda precisamos (e muito) do dia internacional da mulher, do feminismo (que também tem esse nome para lembrar e trazer o protagonismo da mulher) e de tantos outros movimentos de minorias. Precisamos respeitar o protagonismo, a liderança do oprimido em seu próprio movimento.

É muito importante também que a gente se lembre de todos os nossos privilégios e como podemos ser potencialmente opressores. Eu, por exemplo, sou mulher e sou oprimida diariamente por isso, tenho que tomar cuidado com a roupa que uso, tenho que ouvir diariamente piadas e comentários machistas, ganho menos que o homem para fazer o mesmo trabalho e mais um monte de coisas. Mas eu também sou branca, nunca soube o que é sofrer racismo. Por isso preciso me colocar como potencialmente opressora e sempre estar atenta a ouvir os negros sobre racismo.

Quando eu falo para um homem sobre meu medo de ser estuprada eu não quero ser questionada e não acho que ele, que nada sabe sobre isso, pode me deslegitimar. Então tenho que me colocar com a mesma humildade que espero do homem, quando se trata de opressões que eu não sofro.

Se a gente conseguir repensar nossos privilégios e ouvir os oprimidos, dar voz, respeitar, apoiar, aí sim a gente pode, quem sabe, chegar em um dia em que não existam mais privilégio, em que a gente possa abolir os movimentos das minorias, porque aí não vão mais ter minorias. Nesse dia a gente fala de consciência humana.

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Beijos

Uma resposta »

  1. Está certo que o pessoal oprimido deve ser o foco e protagonista, mas os outros membros também tem um papel importante, acredito que a opinião de alguém considerado “igual” possa ser um pouco mais aceitável, ou ao menos digna de ser vista/ouvida até o fim para a população em geral.

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    • Acho que outras pessoas importam muito o todos temos que lutar juntos, mas só quem sofre o preconceito sabe o que é ou não ofensivo e essas pessoas que têm que protagonizar cada movimento.
      Beijos

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  2. Pingback: Refletindo – tudo é política | Isso, aquilo e tal

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